A ocasião faz o ladrão, será? E o talento? Somos o que somos porque queremos ou porque o ambiente em que estamos nos obriga a ser? Tudo é acaso, como diz a canção dos Titãs?
Desde cedo tenho uma ansiedade por crescer... Cresci? O fato é que vejo as coisas de outra forma, mudei. De casa, de emprego, de amigos... Graças a Deus! Se a leitura renova, o conhecimento liberta, mas só o estudo nos transforma. E chega de palavras belas!
Temo e teimo a expor o que penso, o que sinto. Como se o que eu penso fosse menor que o pensamento alheio. Ingênua: 26 anos, duas faculdades, mestrado, livro, emprego, profissão, reconhecimento, talento, aptidões físicas... Arrogância? Auto-estima? Confesso que é a primeira vez que escrevo e 'falo' quem eu sou dessa forma... Talvez era o que eu precisava para libertar as idéias, os sonhos...
Escrevo como caiçara, porque mesmo que eu quisesse escrever sob qualquer outro adjetivo, antes de todos eles sou isso. Ingênua, medrosa, honesta, determinada, como uma boa caiçara. Todos são assim? Não! Talento ou ocasião?
Exponho sem medo que minha cidade natal tem problemas. Sem medo digo que é uma cidade maravilhosa.
Mas as palavras são nossa redenção. O medo se vai quando é vencido pela determinação. Temos o que merecemos. Se achamos que não merecemos o que temos, precisamos buscar o que queremos. Porque o que queremos, isso temos, e o que temos, isso merecemos. É bom saber querer...
Nesse momento quero muitas coisas. Nem todas compartilho. Dentre a minoria compartilhável, destaco o fortalecimento do ser, a exaltação das identidades, a busca por aquilo que sou, que somos... Sem máscaras, sem medos.
Em tempos de maior preocupação com a estética do que com a ética, conflitos inter e intrapessoais são compatilhados em cada vez maior número. E quem os compartilha os completa com reclamações. Temos o que merecemos, para melhorar basta querer. Mas as máscaras iludem: quem é o culpado pelos problemas? Em uma cidade esburacada: o governo? Em uma relação terminada: o amigo que traiu? Nós... Próximos a eleições todos são vítimas, e todos são culpados. E nós? Pobres eleitores ou algozes dos pobres candidatos? Próximos a festas como natal e carnaval todos são vítimas e todos são culpados? Pobres amigos traídos ou algozes dos pobres acusados de traição?
Talvez todos tenhamos máscaras, ou sejamos máscaras. Afinal, quem somos? Há que se refletir: quem sou? Para quê? Para quem? O que está a minha volta tem reflexos sobre mim? E eu sobre tudo?
Felizes aqueles que são, e melhores os que são e querem ser. Talento ou ocasião?
Um espaço para compartilharmos nossas experiências, sentimentos, conhecimentos e motivações em relação a nós mesmos: CAIÇARAS!
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
sábado, 15 de janeiro de 2011
Procura-se: Conclusões Inéditas!
Tenho refletido um pouco sobre como poderíamos otimizar o turismo em nossa região. Ainda não cheguei a uma conclusão inédita, mas penso que o fato de pensar sobre o tema já seja o primeiro passo.
Tem-se falado muito sobre sustentabilidade, meio ambiente, turismo histórico, ecoturismo... Mas pouco se fala sobre como a população autóctone pode agir dentro desses temas. Criam-se mitos sobre caiçaras, intitulam-nos Populações Tradicionais, mas com qual objetivo? Em muitos estudos, essas denominações só têm servido para enrigecer práticas que na maioria das vezes não são tão relevantes para essas comunidades.
Nesse verão (2011), das quatro cidades do Litoral Norte, três estão com grandes projetos envolvendo shows populares a fim de entreter um público, muito mal definido por quem os idealizou. Achei ótimo esses empreendimentos, realmente estão movimentando nossas cidades, mas qual o retorno que receberemos quando o verão acabar? Onde estão os caiçaras durante a agenda de shows? AS adolescentes e jovens estão na promoção, mas todas? E OS adoslecentes e jovens? E os adultos? E os idosos? E as crianças?
Que tipo de preparo nossa população recebe, ou melhor, que tipo de preparo nós estamos buscando (porque não acho que devamos ficar esperando receber algo, isso não é ser cidadão, muito menos agente histórico) para receber os turistas, já que nossa região é considerada uma região marcada economicamente pelo turismo?
Nossas praias e muitas outras belezas naturais estarão sempre à disposição, mas e nós? Quem somos nós? O que estamos fazendo? O que estamos nos tornando?
Talvez a conclusão inédita que eu esteja procurando, eu encontre depois que o verão acabar, e nós finalmente encontrarmos cara-a-cara os caiçaras, seus lucros e seus prejuízos... Termino com uma visão otimista: esta caiçara que vos fala/escreve está à disposição para sugestões, porque amar o lugar em que vivemos já é inédito se pensarmos que a globalização tem nos transformado em cidadãos do mundo...
Tem-se falado muito sobre sustentabilidade, meio ambiente, turismo histórico, ecoturismo... Mas pouco se fala sobre como a população autóctone pode agir dentro desses temas. Criam-se mitos sobre caiçaras, intitulam-nos Populações Tradicionais, mas com qual objetivo? Em muitos estudos, essas denominações só têm servido para enrigecer práticas que na maioria das vezes não são tão relevantes para essas comunidades.
Nesse verão (2011), das quatro cidades do Litoral Norte, três estão com grandes projetos envolvendo shows populares a fim de entreter um público, muito mal definido por quem os idealizou. Achei ótimo esses empreendimentos, realmente estão movimentando nossas cidades, mas qual o retorno que receberemos quando o verão acabar? Onde estão os caiçaras durante a agenda de shows? AS adolescentes e jovens estão na promoção, mas todas? E OS adoslecentes e jovens? E os adultos? E os idosos? E as crianças?
Que tipo de preparo nossa população recebe, ou melhor, que tipo de preparo nós estamos buscando (porque não acho que devamos ficar esperando receber algo, isso não é ser cidadão, muito menos agente histórico) para receber os turistas, já que nossa região é considerada uma região marcada economicamente pelo turismo?
Nossas praias e muitas outras belezas naturais estarão sempre à disposição, mas e nós? Quem somos nós? O que estamos fazendo? O que estamos nos tornando?
Talvez a conclusão inédita que eu esteja procurando, eu encontre depois que o verão acabar, e nós finalmente encontrarmos cara-a-cara os caiçaras, seus lucros e seus prejuízos... Termino com uma visão otimista: esta caiçara que vos fala/escreve está à disposição para sugestões, porque amar o lugar em que vivemos já é inédito se pensarmos que a globalização tem nos transformado em cidadãos do mundo...
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Texto publicado no Jornal A Cidade em 23/10/2010
No dia 18 de outubro de 2010, faleceu o senhor Leontino Nunes de Barros, aos 85 anos. Mais conhecido como “seu Maneco”, era um dos moradores mais antigos da Ilha dos Pescadores, no centro da cidade. Patriarca de uma família caiçara, adorava contar seus “causos” aos filhos e netos. Como um clássico caiçara, trabalhou com agricultura de subsistência no bairro Ubatumirim, até se mudar com a família para o centro da cidade na década de 1960. Gabava-se de sua bravura, desafiando possíveis inimigos, assim ditos aqueles a quem ele julgava devedores e desrespeitosos. Na verdade, a bravura estava no inconformismo com injustiças, e na sede por trabalho, trabalho pelo qual ele mesmo justificava sua própria existência. “A gente nasce pra trabalhar”, ele dizia... E com todo o orgulho afirmava que já tinha criado os filhos, já tinha trabalhado muito, e não devia nada pra ninguém. Para aqueles que ainda defendem a errônea idéia de que os caiçaras têm como característica principal a preguiça e a vulnerabilidade ao alcoolismo e à exploração de turistas e especuladores imobiliários, este homem foi a prova viva de que está na hora de reescrever nossa história. Enquanto neta, tenho orgulho de ter convivido com este querido avô; enquanto caiçara, tenho orgulho de ter herdado suas expressivas características; enquanto historiadora, tenho orgulho de ter podido entrevistar este patrimônio e compor meus trabalhos com suas belas palavras. Obrigada, vô... por ter existido como pai, avô, homem, caiçara, guerreiro, e o meu maior orgulho: um excelente contador de histórias! Em nossa memória para sempre...
Por: Joice Fernandes
Por: Joice Fernandes
sábado, 1 de janeiro de 2011
Para todos
Estou em casa. A chuva está a rolar, os morros estão no mesmo lugar, e o mar, ah o mar, graças a Deus ele está lá sorrindo e nos chamando a ficar. Não sou agricultora, não sou pescadora, não participei de apresentações da dança da fita, não tenho sotaque. Mas conto histórias, amo a sociabilidade familiar, gosto de música, de rede e me apego ao sobrenatural com facilidade: sou CAIÇARA! Não só por isso, mas por ver o meio em que vivo e trabalho como LUGAR, cheio de representações e símbolos individuais e coletivos. Mesmo que você não seja caiçara, esteja à vontade para colaborar neste blog, afinal, todos estamos no mesmo meio, compartilhando de experiências mútuas, refletindo o tempo todo sobre onde estamos, quem somos e para onde vamos. Somos todos agentes históricos...
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